sábado, 9 de agosto de 2014

A primeira vez

Embora ame viagens, não viajei muito durante a minha infância/adolescência. Ou melhor: viajava sempre para o mesmo lugar. Meu pai mora em outro estado e desde os 12 anos tive autorização judicial para embarcar sozinha até o estado onde ele morava. E era para lá que viajava a cada oportunidade. Embora odiasse a rodoviária ou aeroporto (odeio até hoje) sempre gostei do percurso, por mais longo que fosse. Talvez um dia desenvolva esse tema. Mas a primeira vez dessa viagem se refere à minha primeira viagem internacional.

Sempre amei viagens, e uma das minhas maiores frustrações foi não ter podido viajar aos 15 para o exterior. Era uma promessa da família, já que eu não queria festa. Cheguei a tirar o passaporte, mas a situação se complicou e por problemas financeiros não pude ir. Sei que parece um capricho, mas tem gente que sonha em ser médico, em casar, em ter filhos...Eu sonhava em viajar. E se fosse algo improvável seria mais fácil de lidar, mas no meu caso, tiraram doce da boca da criança... Então, foi difícil pra mim.

Bem...esse é um outro ponto. Vejo alguns blogs e me pergunto como as pessoas conseguem tanto tempo ou dinheiro para viajar. Bem...para mim as coisas não são tão simples. Trabalho muito, faço malabarismo para conseguir conciliar férias com o meu marido, sou pouco consumista e estou sempre abrindo mão de gastos supérfluos para viajar, pois para mim, a viagem é prioridade. (Ainda não tenho filhos, ufa!) Claro que, as economias do tempo de solteira ajudaram muito em algumas viagens (morar com os pais economiza muito) e o crescimento da própria economia do país.  Ainda assim, como meus bisavós, avós e pais nunca viajaram como eu, confesso que tenho um orgulho por ter conseguido. E por isso digo que é possível para muitas pessoas que pensam não o ser...é uma questão de escolhas e prioridades na vida.

A minha primeira viagem internacional, no entanto, foi bancada pelo meu pai. Foi uma espécie de compensação pela história dos 15 anos. Eu já estava com 21, na faculdade, e o convenci a custear um programa de Work & Travel.

Esse programa, basicamente, permite que estudantes universitários trabalhem em outro país (principalmente EUA) durante seu período de férias. Meu pai custeou as passagens e a taxa do programa com a agência, e minhas despesas seriam pagas com o que eu recebesse de salário lá.

Ainda me lembro exatamente de quando estava no aeroporto, um pouco antes de embarcar e meu pai disse: “ainda está em tempo de desistir”...rs... depois meu pai me confessou que  o medo dele era de que eu embarcasse e não voltasse mais.  Todos costumam dizer que eu sou um pouco “desapegada”...

Bem...fui morar nos Estados Unidos, em uma cidadezinha chamada Fairfax. Infelizmente não tenho muito o que falar sobre a cidade, pois não a explorei como faria hoje. Acabei ficando muito imersa no trabalho e dediquei o pouco tempo livre que tinha para Washington e Nova Iorque.

Resumindo os quatro meses de intercâmbio: pouco dinheiro, trabalho que odiei, saudade do Brasil, amigos de diferentes nacionalidades, lugares incríveis, experiência indescritível.


Como mencionei, eu odiei o trabalho e durante meu primeiro mês, dezembro, tudo o que eu fazia era contar os dias para voltar ao Brasil. Nas folgas, ficava no skype com meus amigos brasileiros ao invés de sair para conhecer os arredores.  Até que em 23 de dezembro, ganhei o meu melhor presente de natal. Uma das intercambistas sugeriu que aproveitássemos a folga para conhecer um pouco de Washington D.C. Ela já tinha aprendido o esquema de ônibus, metrô, etc. E foi somente nesse dia que minha estada nos Estados Unidos começou a valer a pena. Mas isso é assunto para o próximo post ;)

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